segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

QUEIXAS (Ricardo Mendes)



“Vida é aquilo que acontece a você enquanto está ocupado fazendo outros planos” (John Lennon)

Reflito por instantes antes de fazer a pergunta em voz alta. “O que é preciso para que uma ação tenha início?” Se recorresse à Física Mecânica, diria que a ação se inicia quando a força da inércia cede à força do movimento. Fico pensando em minha própria resposta. Como seria o mundo se a força da inércia vencesse o cabo de guerra com a força do movimento?

Não preciso ir muito mais longe, já é possível concluir: a vida é o próprio movimento. E como todo movimento, acontece numa direção e num sentido. No caso da vida não é diferente. Ela se move para frente. E nós, para onde nos movemos? Lembro da história do índio que depois de sua primeira viagem de trem permaneceu sentado nos trilhos por mais algum tempo esperando a sua alma chegar. Porque será que o índio simplesmente não seguiu os demais passageiros? Que necessidade tinha ele de unir o corpo e a alma antes de ir adiante?

Este texto também se move para frente, embora vez por outra eu passe os olhos em seu início para me assegurar que não perdi o rumo. Da mesma maneira, antes de tomarmos decisões importantes em nossas vidas, olhamos para o percurso que fizemos, para o que nos ajudou, para o que deu certo, para o que nos surpreendeu, antes de definir o caminho. Mas este olhar panorâmico para trás não tem por objetivo reformular nada. Trata-se, antes de tudo, de rememorar.

Quando estou aqui, agora, do jeito que sou, não tenho outra possibilidade, a não ser, ser quem sou. Neste momento não posso ser outro ou de outro modo. Neste exato momento, sou absolutamente o resultado de tudo aquilo que veio antes, do jeito que foi. Se permanecer em movimento, no futuro serei outro. Isso é o que sei, nada mais. Mas se não estou satisfeito com quem sou hoje, significa que não estou de acordo com o que veio antes. Neste caso, olho para trás com um olhar crítico e reparador. E quanto mais intenso é o olhar crítico e reparador, mais os meus olhos se fixam no que passou e se ausentam do presente. Acontece que quando me distancio do presente, o verdadeiro lugar da ação, me eximo também de influir no futuro, ou seja, em última análise, o resultado do olhar inconformado para o passado é a sua própria perpetuação.

Em nossas vidas, damos o nome de queixas a este tipo de olhar. As queixas, subtraem a nossa presença e retardam a ação. Evitam que tomemos responsabilidade sobre os nossos atos e, sobretudo, sobre as conseqüências deles. Se me recuso a agir, poupo-me das conseqüências das minhas ações, estou sempre em busca de um responsável que me ajude a permanecer na inércia. O culpado é o maior aliado de quem não deseja agir e arriscar-se.

O olhar crítico carece de humildade e distanciamento. Somos, neste planeta, bilhões de críticos em potencial, todos com o mesmo direito de perceber o mundo a partir da sua própria ótica, não há como existir um mundo unânime que satisfaça a todos. A diversidade é, mais uma vez, a constatação da infinita criatividade da Grande Alma. A humildade, neste aspecto, é reconhecer a grandeza daquilo que nos enreda e continuar caminhando. É abdicar da lógica a partir do próprio umbigo e confiar que há de existir uma outra muito mais complexa. É entregar-se à vida como ela lhe é entregue a cada manhã.

Quando abrimos mãos das queixas podemos seguir a vida em tempo real, por inteiro e, de fato, não temos nada a perder. Concordemos ou não, a verdade é que ela seguirá seu fluxo irresistível. Estejamos nela ou não.

Quando escolhemos nos queixar do passado, os pais tornam-se os grandes responsáveis por todas as falhas. Eles são a matriz, a fonte, a única possibilidade de encarnação de algo tão impalpável quanto o passado. Melhor, eles reagem aos nossos pleitos, importam-se, interagem, diferentemente do passado que apenas nos observa impávido. A verdade é que, graças à idéia de que os pais são imperfeitos, ganhamos tempo antes de saber se queremos de fato nos arriscar a viver e assumir responsabilidades. Enquanto isso, escondemo-nos sob a sombra de sua grandeza.

Este texto foi publicado originalmente no blog IRALEM (http://www.iralem.com)

O autor, Ricardo Mendes é economista e pós-graduado em Marketing pela PUC RJ, tendo atuado por muitos anos como consultor e dirigente de sua empresa de comunicação. 
É um experiente Arteterapeuta e Constelador Familiar. É também ator (CAL), escritor e fotógrafo e autor dos livros "Tatuagem" (1987), "Santiago de Compostela, os 8 Portais do Caminho"(2002) e "Andando em Círculos, as Pedras Milenares e o Caminho da Tríplice Espiral"(2004).

sábado, 5 de janeiro de 2013

Curso Online traz nova abordagem para Administração do Tempo

Depois da publicação do livro Tempo Orgânico, nosso maior propósito no tema era criar um curso acessível, que pudesse ser disponibilizado de forma abrangente em todo o Brasil. Através do amigo João Henrique Areias - ele próprio em fase de produção de um ótimo curso online de Marketing Esportivo - fui apresentado à equipe do PreparaOnline, uma dinâmica e bem estruturada organização especializada em Ensino à Distância.

Foi uma experiência muito enriquecedora. No primeiro momento, o desafio era fazer uma fusão dos conteúdos de meus dois livros sobre Administração do Tempo, de modo a atualizar e balancear aspectos conceituais e práticos sobre o assunto. O segundo passo foi o planejamento e estruturação dos Módulos e Video-Aulas que compõem o programa, já contando com o apoio pedagógico da PreparaOnline, que também atuou na formatação dos slides e na criação de toda a parte visual dos materiais.  Depois, a divertida etapa de gravação das aulas em vídeo, ambientadas num belo cenário   tematizado.  
O Curso
Visa oferecer uma resposta a todos aqueles que lamentam a falta de tempo em suas vidas, seja pelo excesso de atividades, seja pela eventual falta de métodos eficazes para lidar com elas. A agenda combina conhecimento e práticas, para que o tempo possa ser usado de maneira mais equilibrada e mais produtiva, dentro de uma abordagem mais orgânica, menos mecanicista.

A filosofia central do curso é a construção de relações mais integradoras da pessoa consigo mesmo, com os outros e com a natureza. É composto por Vídeo-Aulas com exposições e relatos sobre o assunto, testes e exercícios, oportunidade para reflexão sobre os temas propostos e muitas dicas e sugestões para melhorias.

Entre outros materiais disponibilizados pelo programa, os alunos receberão cópia digital do livro "Tempo Orgânico" e Apostila com os conteúdos mais relevantes do livro "Uma Questão de Tempo".

Clique aqui para informações e inscrição.