domingo, 2 de setembro de 2012

Tempo fatiado: você está contando o seu?


Esta história do fatiamento do processo do mensalão – que se revelou uma estratégia ao mesmo tempo didática para os leigos que acompanham o processo e eficaz para julgamentos que até aqui têm se mostrado consistentes – me trouxe a lembrança do fatiamento do tempo.

Mas, ao contrário do ritmo lento e das fatias enormes de cada análise no Supremo, em nossas vidas, cada vez menos nos damos conta de como fragmentamos o dia em mínimos pedaços. E acabamos perdendo a consciência das duas consequências dessa realidade. Por um lado, não contabilizamos a enorme quantidade dessas pequenas coisas que fazemos e acabamos frustrados, sempre reclamando que não dá tempo para nada. Por outro lado, vamos deixando de ter sensibilidade para separar aquilo que de fato é relevante do que é tempo jogado fora, nesses fragmentos que vão se sucedendo, e ficando para trás, um dia após o outro.

Não tenho a menor dúvida que as oportunidades para termos mais tempo aplicado no que é IMPORTANTE passam exatamente por este “varejão” de segundos e minutos e a nossa maneira de lidar com eles. Por trás de cada fatia, grande ou milimétrica, está sempre envolvida uma decisão nossa ao optarmos por uma atividade ou por outra. 

Grande parte dessas decisões passa despercebida, por exemplo, ao desviarmos nosso olhar para um SMS – ou uma postagem de FB - em meio a uma tarefa que demandaria concentração absoluta para ser concluída com eficácia.  Ou quando estamos multiprocessando informações, em casa, tudo "ao mesmo tempo", com a TV ligada, falando ao telefone, respondendo e-mails no computer ou iPad, ligados nas mensagens no smartphone e passando os olhos numa revista ou jornal. Tudo isso enquanto a panela está no fogo ou outra atividade “analógica” está em curso. 

É claro que o cérebro só dá atenção dedicada a uma coisa de cada vez, mas o fatiamento vai se multiplicando, se acelerando, nos “desgastando” e às vezes nos estressando, sem nos darmos conta disso. E isto impede que possamos fazer um inventário “completo” das mil pequenas ações que fizeram parte do nosso dia, o que nos daria uma sensação gostosa de realização. Possivelmente, uma boa parcela dessas "mil coisas" pudesse simplesmente não ser feita, gerando blocos de tempo maiores para recuperarmos aquelas atividades que requerem de fato maior atenção e reflexão. Aquelas que tanto reclamamos nunca ter tempo para fazê-las.      

Fonte da Foto: http://forum.xda-developers.com/showthread.php?p=25123872

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